Idealizado por Gabriela Gama, que dirige e compõe o elenco, espetáculo será apresentado na mostra Fringe da 32ª edição do Festival, dias 6 e 7 de abril, com ingressos gratuitos
Quando o assunto é violência contra a mulher, o Paraná ocupa a terceira posição no ranking de feminicídios absolutos em todo o Brasil, contabilizando os casos tentados e consumados nos primeiros seis meses de 2023. O dado, que é o mais atual até o momento, vem do relatório do Monitor de Feminicídios no Brasil, elaborado pelo Laboratório de Estudos de Feminicídio (Lesfem) da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Violência contra a mulher é o mote da peça Labirinto Feminino, em cartaz na mostra Fringe da 32ª edição do Festival de Curitiba. As apresentações únicas vão acontecer nos dias 6 e 7 de abril, sábado e domingo, respectivamente, às 20h, no Palco Ruínas. Os ingressos serão gratuitos.
Com a proposta de explorar o ciclo da violência contra a mulher em um relacionamento abusivo, e como identificar as suas diferentes fases, o espetáculo foi criado por Gabriela Gama, que dirige e compõe o elenco ao lado do ator Shirtes Filho. A autora e diretora paulistana afirma que o seu projeto reflete a própria vida. “Há uma epidemia silenciosa e uma cultura que, em menores e maiores proporções, mantém as mulheres violentadas. O Brasil é o quinto país, segundo a ONU, no ranking de feminicídios. A peça é de grande relevância para o Festival, sobretudo porque, apenas em 2023, houve um aumento da violência contra mulher. Um caso a cada dois minutos foi registrado, além de números alarmantes de feminicídios que colocaram o Paraná em terceiro lugar entre os estados com o maior número de casos no país”, ressalta.
Labirinto Feminino
O espetáculo narra a história de uma mulher que está prestes a se casar com o seu “príncipe”. Porém, o que aparenta ser uma relação amorosa e feliz esconde uma realidade bem diferente. Por meio de performances e monólogos intensos, a peça explora o ciclo da violência doméstica e como situações de abusos se apresentam de formas diversas, ao mesmo tempo que discute a importância de combater os feminicídios que resultam na dizimação do empoderamento feminino.
“O texto é composto por performances que foram criadas a partir de cada estação do ciclo de violência. Contamos a história desde a mitologia, passando pelos contos de fadas, e chegando até os dias de hoje. A cenografia é minimalista, com o palco vazio que representa um espaço neutro repleto de elementos simbólicos, aludindo ao psicológico de uma vítima de violência. A iluminação, por sua vez, cria atmosferas diferentes ao longo da peça, ajudando de forma simbólica a destacar a transformação das personagens. Em contraste com a violência, momentos de esperança e de empoderamento também são destacados”, explica Gabriela Gama.
A autora, diretora e atriz conta que o espetáculo é uma resposta ao aumento de casos de feminicídio no Brasil. “Só no primeiro semestre de 2023, houve em São Paulo um aumento de 34%, assim como agressões, ameaças e medidas protetivas. São números expressivos que não podem ser ignorados. Por que querem nos matar? O que podemos fazer para mudar esse cenário? A peça foi pensada como uma forma de expor a calamidade, assim como um alerta e uma tentativa de prevenção. Reconhecer o ciclo talvez seja uma das formas de libertar uma próxima geração dessa que eu chamo de ‘pandemia silenciosa’”, enfatiza.
Arte a partir da vida
O espetáculo Labirinto Feminino surgiu de uma investigação que Gabriela Gama deu início em 2018 sobre a Síndrome de Estocolmo e os diferentes tipos de violência contra as mulheres. A pesquisa que embasa o espetáculo também resultou em uma performance chamada Núpcias, na qual a atriz representa uma noiva que se prepara para o seu casamento enquanto vai contando as histórias de abuso que sofre por parte do noivo.
“Fiquei impactada como a história apresentada fazia o público interagir e se indignar com a narrativa. A partir daí, intensifiquei a pesquisa sobre o ciclo da violência, assim como a linguagem performática, principalmente durante a pandemia, já que os números de agressões e feminicídios aumentaram no período. Foi então que surgiu Labirinto Feminino em forma virtual, a partir de uma residência pela Lei Aldir Blanc. A peça estreou nos palcos em 2023 em São Paulo junto com a Realidade Virtual, uma experiência imersiva em óculos 3D no 31º Festival Mix Brasil”, conta a idealizadora.
Festival de Curitiba 2024
Muito mais que um festival de artes cênicas, o Festival de Curitiba é um catalisador de talentos, de tendências culturais e artísticas, de reflexão, de formação, entretenimento e, principalmente, de encontros. Com sua já conhecida e estruturada multiplicidade na programação, hoje, o Festival de Curitiba chega em sua 32° edição, firmado como a principal oportunidade dos paranaenses e brasileiros desfrutarem de produções artísticas variadas e premiadas, com preços acessíveis. Em 2024, acontece de 25 de Março a 7 de Abril. Saiba mais: https://festivaldecuritiba.com.br/sobre-o-festival/
Fringe
É uma mostra aberta que compõe a programação do Festival de Curitiba com companhias de teatro, circo, música, dança e performances de várias partes do Brasil e de dezenas de outros países. O Fringe se tornou uma grande vitrine no cenário teatral brasileiro, reunindo, na última edição, mais de 280 atrações e 1800 artistas que ocuparam 16 espaços de Curitiba e Região Metropolitana, levando arte acessível e gratuita aos curitibanos e turistas que visitam a cidade durante todo o período do Festival. Saiba mais: https://festivaldecuritiba.com.br/evento/fringe/
Labirinto Feminino – Festival de Curitiba 2024
Apresentações: Dias 6 e 7 de Abril
Horário: Sábado e Domingo, às 20h
Local: Palco Ruínas – Av. Jaime Reis, S/N – S. Francisco, Curitiba.
Ingressos: Grátis
Classificação: 14 anos
Duração: 70 minutos
Instagram: @femininolabirinto